APRENDIZADOS DA PANDEMIA EM MEU COTIDIANO
Sou piauiense. Moro em Teresina. Vivo no mundo, seja a trabalho ou a passeio. Estamos no início de 2020. Sonhos se avolumam. Minha família faz planos para outra viagem internacional e encontros familiares fora de Teresina, como de costume. Estamos radiantes. A cada nova oportunidade de viajar nos deliramos, nos unimos mais.
Vinte e um de março de 2020. Aniversário do meu caçula- Tarcísio Augusto. Já não nos reunimos como rotineiramente. Quanta falta faz toda a movimentação! Antes, a preparação; durante, a comemoração; e, depois de cada aniversário, a organização do local. Tudo era uma festa. Tudo motivo de curtição, alegria, congratulação!
Esta data, a partir deste ano, é marco em nossa vida, em nossa casa, em nossa capital, estado, país, no mundo. Há algo novo a nos incomodar. Há algo no ar que espalha medo, doença, isolamento social. A pandemia do novo Coronavírus se dissemina em nosso meio. Chega sem ser convidada, mas é intensa, silenciosa, mortal. Ficamos todos estupefatos! Mudamos hábitos: lavar as mãos permanentemente, higienizar as compras, até mesmo as sacolas de supermercado, intensificamos o uso de água sanitária, mudamos nosso rosto. É obrigatório o uso de máscaras. Do rosto, sobram os olhos. Você só enxerga os olhos nas pessoas. É imprescindível a utilização de álcool gel. Meu neto Rafael até inventou um verbo: _Vó, você ‘alcoou’ as compras?
Resolvi registrar meu espanto e lamento com o Corona. Faça-o da forma que mais me apraz. Registro no poema, a seguir:
CORONAVIRUS
Coranavírus chegou
Com sua força total
Apareceu lá na China
Vai se tornando global
Só mesmo muito cuidado
E Deus pra nos livrar do mal.
São cuidados importantes
Lavar as mãos com sabão
Usar um álcool em gel
Para a higienização
Ao tossir, tampar a boca
Ao nariz, dar proteção.
Manter o espaço bem limpo
Outro importante cuidado
E se apresentar sintomas
Vigor deve ser buscado
Vá ao Posto de saúde
Que logo será curado.
Sobre o Covid, vou dizer
É o mal da solidão
Saudade escorre dos olhos
Com a triste evolução
Ele distancia pessoas
Retarda a aproximação.
É uma doença grave
E também muito terrível
Pois atinge o ser humano
De maneira bem temível
Invadindo todo o corpo
E a alma. É um mal horrível!
Em mal tão devastador
É bom mesmo prevenção
Eu, ainda, recomendo
Evitar aglomeração
Logo passa, vida segue
Seu curso e motivação.
Aqui minha mais íntima impressão: É o mal da solidão, distancia as pessoas, retarda ou dificulta a convivência. Fica este registro.
Continuamos sobrevivendo. Dia após dia assistimos nos noticiários números assustadores de vidas que se perdem, famílias que se desmoronam. Equipes de saúde guerreiras, varonis, mas exaustas, lutadoras, valorosas, porém impotentes.
Felizmente vimos abril chegar. A viagem de bodas de casamento de meu filho e minha nora, para a França, já não se concretiza no período previsto. Teve que ser adiada. Para quando? Até quando? Mas ótimo, apenas adiada. Muitas pessoas, melhor dizendo, dezenas, centenas, milhares de seres humanos já não estão mais entre nós. Foram vencidos pelo Corona. Nós permanecemos aqui. Obrigada meu Deus, pela vida de cada um.
Eu amo trabalhar, amo meu local de trabalho. Não estou podendo exercer nada disto. Melhor dizendo, vou toda semana ao meu trabalho, porém não é a mesma coisa. Não temos mais as reuniões exaustivas, contudo propositivas. Equipes trabalhando juntas em um mesmo ambiente. Precisamos trabalhar, mas noutro formato. Necessitamos exercitar a paciência, a tolerância, novo modo de agir e reagir. Precisamos aprender a recorrer diuturnamente às máquinas. Muito mais do que antes.
Ano intenso de descoberta de múltiplos ambientes, mas dentro de casa. Descoberta dos cantos, recantos, encantos e desencantos, repito; contudo, da parte interna de nossa própria residência. Dos ângulos, cores, até mesmo das teias de aranha espalhadas em nossas casas. Sempre no mesmo lugar: em nossos lares. São incansáveis passeios por dentro de nós e com as mesmas pessoas. A cada momento nos deparamos com as mesmas pessoas ou nossos familiares com quem dividimos nossa residência. Em um poema, defini como encaro: é a doença da solidão.
Este é um novo e não desejado mundo, entretanto é o mundo real.
Assim se passaram meses e meses. Em casa muito serviço. Sem ajudante. Necessito primar pela vida de cada um. Dispensei-os. No trabalho, um jeito novo de trabalhar: home office, serviço on line. Em casa, aprendendo a lidar com computador, a realizar reuniões remotas. Muita novidade. Desafiante. Juntos somos 7 (sete), em 2 (duas) residências conjugadas. Graças a Deus, vivos a nos apoiar, um ao outro, uns aos outros. Meu genro, incansável, cuidou de tudo em casa, de todas as compras, permanentemente.
Dentre os desafios, algo maravilhoso. Eu sempre sonhei almoçarmos juntos, mas os horários bem diferentes não nos permitiam, à exceção dos domingos. Que maravilha? Algo muito bom, em meio ao caos. Passamos a almoçar juntos quase diariamente. O mais interessante, passei a tomar café junto com Oscar, só nós dois, diariamente. Algo, até então, impensável, mas extraordinário. É também verdade que passamos a nos desentender mais. Óbvio, nunca havíamos convivido tão de perto, embora juntos desde o século passado, mais precisamente há 33 anos. Outra grande conquista, esta convivência aumenta minha admiração pelo incansável e necessário trabalho dele: Como jornalista precisa estar constantemente no ar. É importante socializar as informações. A imprensa foi aliada de primeira hora. As pessoas são informadas acerca de como agir, como o problema se alastra pelo mundo. Enfim, aliada na luta pela sobrevivência humana. Ele está lá. Incansável. Imbatível.
À medida que o tempo passa a doença avança em suas investidas. Inicialmente, foi a fase da instalação e disseminação do vírus; em seguida, o ciclo da interiorização do mesmo, resultante de sua letal transmissão. Percebe-se, em tal contexto, que a doença chega aos mais recônditos cantos do país. Não poupando, principalmente idosos/as, pessoas adultas pobres, com comorbidades e dificuldade de acesso, populações indígenas, ribeirinhas e comunidades tradicionais quilombolas. Há que se buscar saídas, sobretudo para aqueles dependentes do SUAS. Ficam muito visíveis as consequências das desigualdades que grassam em nosso meio e dificultam em muito inclusive o necessário isolamento social tão requerido pelo protocolo de barrar a expansão do Coronavírus. Como fazê-lo com inexistência de moradias adequadas, com agravamento do desemprego ou subemprego, com ausência de renda, com dificuldade de acesso a equipamentos de proteção individual, enfim, com a permanente violação de direitos característica de nossa sociedade.
Em meu trabalho necessitamos buscar as famílias que necessitam de apoio para sobreviver. Descobrimos, mais do que nunca, a importância de uma ferramenta que sempre insistimos em sua necessidade: o Cadastro Único das famílias em situação de vulnerabilidade sócio - econômica, em nosso país, atualizado e consequente. Assim, fomos todos à luta para garantir um mínimo de condições de sobrevivência.
A Secretaria de Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (SASC), onde presto serviços, na condição de Diretora de Gestão do Sistema Único de Assistência Social, é responsável por este processo, através do Programa Bolsa Família, o qual é coordenado pelo competente Roberto Oliveira. Trabalho árduo, incansável, imprescindível. No geral, 1,3 milhões de pessoas foram detectadas como elegíveis ao recebimento do Auxílio Emergencial, no Estado, sendo: 660,9 mil vinculadas ao Programa Bolsa Família; 183,3 mil relacionadas ao Cadastro Único; e, 470,4 mil identificadas no Aplicativo Caixa. No total, estas pessoas receberam no período de abril a agosto de 2020 o equivalente a R$ 4.507.410.600,00 bilhões. Por outro lado, com a extensão do Auxílio Emergencial, nos meses de setembro a dezembro de 2020, o valor disponibilizado foi de R$ 1.178.359.090,00. Assim, o montante que circulou no Piauí, com esta rubrica, foi de R$ 5,6 bilhões, conforme dados disponibilizados pelo Ministério da Cidadania, disponíveis aqui.
A seguir, novo capítulo. Conclui-se o pagamento das parcelas do citado Auxílio. A pandemia insiste em persistir. As famílias em situação de extrema pobreza continuam necessitando de ajuda. O governo recua. As organizações e a esquerda reagem, buscam as mínimas condições de vida para a parcela mais necessitada da população. As negociações avançam. Ao fechar este artigo a decisão ainda não foi sacramentada.
Assim, retomamos o mês de dezembro de 2020. Uma cena singular, vivida em família, me fez ver que, na singeleza da particularidade pode residir a grandeza da generalidade. Por esta razão compartilho abaixo inusitada experiência.
Estávamos na mesa do café da manhã. Comemorávamos o aniversário do Oscar. Era 08 de dezembro. Todos felizes e tristes. Invariavelmente, ano após ano, em mais de 50 (cinquenta anos) o aniversário dele é comemorado na Bocaina, sua cidade natal, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição e a festa principal ocorre em 08 de dezembro. Excepcionalmente este ano, por conta da pandemia, não nos dirigimos para lá.
Antes de continuar, permitam-me um parêntese. “A festa de Nossa Senhora, na Bocaina, é praticada desde 1754, provavelmente dos mais antigos cultos à mãe de Jesus praticados no Brasil. Neste sentido, é provável ter modestamente contribuído para a proclamação do dogma de Maria, pela Igreja Católica, o que ocorreu somente 100 (cem) anos após o seu início”, conforme pesquisa realizada por Oscar de Barros. (Vide: Bocaina e Nossa Senhora da Conceição: influência colonial portuguesa e defesa do dogma da mãe de Deus/ Teresina: RIMA, 2005, p. 3).
Retomando, naquela mesa familiar, eis que o meu neto Rafael Santos, observando tudo atentamente, mas calado, de repente dispara: “_ Eita que este Oscar está um velhinho enxuto”. Todo mundo sorriu. Eu, resolvi intervir. Falei: _ Filho, velhinho, como assim, seu padrinho está velho?... Ele entendendo minha pergunta e me encarando altivamente soltou uma respostada que me encheu de orgulho. Eis a preciosidade com que nos contemplou: “Eu prefiro apanhar com a verdade/ Que mentir para ser bem aplaudido”. Ao ouvi-lo, vibrei. Descobri ali um mote para poema, embora no auge de seus 09 anos, àquele garoto sequer soubesse o que seria um mote. Empolgada, enviei aquela pérola para o grande poeta Charles Sant’Ana, meu confrade em espaços literários, de quem sou fã incondicional. Vejam a grandiosa resposta daquele poeta. Quanta atenção com um garoto totalmente desconhecido! Confiram:
Eu achei bem melhor o anonimato
Que forjar uma coisa que eu não faço
Mas procuro ocupar o meu espaço
Sem querer imitar outro formato.
Quando falo eu sou dono do relato
Assumindo algum erro cometido
Pois não quero ser mais um iludido
É melhor construir identidade
Eu prefiro apanhar com a verdade
Que mentir para ser bem aplaudido.
Glosa: Charles Sant’Ana
Mote: Rafael Santos.
O grande poeta, sensibilizou ainda mais todos nós, principalmente o pequeno Rafael, com outra glosa. Vejam:
Eu não quero elogio de ninguém
Que não seja elogio verdadeiro
Se quer dar só me dê se for inteiro
Que valor só se dá quando se tem
A mentira pra mim não faz o bem
O meu jeito de ser é rigoroso
Me mantenho na vida cauteloso
Pra não ter que perder honestidade
Eu prefiro apanhar com a verdade
Do que ter um aplauso mentiroso.
Glosa: Charles Sant’Ana
Mote: Rafael Santos.
Por volta do mês de julho alguns casos confirmados de COVID 19 entre meus queridos irmãos. Melhor dizendo, duas de minhas irmãs, a saber: Rejane e Rosilene. Foram acometidas, mas para glória de Deus nada grave, contraíram o vírus e, felizmente, ficaram curadas sem sequer necessitarem de internação.
Chegamos em janeiro. Novo ano, 2021; muita expectativa acerca do tratamento da Covid. Embate e debate sobre o tema. Medicamentos sugeridos, vários questionamentos; pesquisadores debruçados mundo afora buscando vacinas e outras iniciativas valorosas. As famílias viveram um natal diferente. A virada do ano, idem; totalmente distinta de todas as anteriores. Festas natalinas comedidas. Restritas ao núcleo familiar muito próximo. Minha família embora bem pequena não conseguiu se reunir, como desejado. O nosso núcleo residente em João Pessoa, constituído por meu mais que amado primogênito não pode comparecer. Assim, foi também com minha amada nora e meus dois tesouros, filhos do casal. Sentimos a falta de cada um, mas sabíamos que seria para proteção de todos nós, que aquela indesejada medida fora tomada.
Cai uma bomba em nossa família. Eis que meu irmão testa positivo. Necessita internação. Os mais jovens e alguns irmãos chegam junto para apoiá-lo diuturnamente. Todos irmanados em busca de sua cura. Deus no comando! Minha cunhada, incansável, segue como sua acompanhante mor. Tratamento iniciado, eis que ela passa mal. Busca tratamento. Também testa positivo. Ambos internados, mas em hospitais diferentes. O quadro não era tão simples. Ambos necessitam de oxigênio. Eis o depoimento dela:
“Esta experiência não desejo para ninguém. Inicialmente eram as notícias de meu pai, 85 (oitenta e cinco) anos; e, meu irmão 58 (cinquenta e oito) anos. Testaram positivo. Moram no Rio de Janeiro. Foram hospitalizados. A seguir meu marido. Decido acompanhá-lo no Hospital. Lá sinto mal estar. Procuro médico. Também testo positivo, porém sem apresentar nenhum sintoma. Depois nariz congestionado, muito congestionado e moleza no corpo. Vírus avassalador. Ao ser hospitalizada começou meu sofrimento. Inicialmente no setor de observação. Para meu desespero meu pulmão 50% comprometido, dores, fico presa à cama. Não me é permitido desgrudar dela. Todas as minhas necessidades são realizadas ali. Recebo oxigênio. Alívio!”
Cheia de emoção, continua minha brava cunhada, afirmando ser grata a todos pelas orações em favor dela e de seu esposo, pelas palavras encorajadoras e carinhosas, pela disponibilidade e amor dispensados ao casal. Disse ela: “Estamos vivos. Com alta hospitalar. Sobrevivemos. Melhor, estamos vencendo paulatinamente este vírus. Não está sendo fácil. Matamos um leão a cada dia. Não conseguimos fazer o menor esforço. É um cansaço terrível. Os médicos e toda a equipe nos alertaram continuamente que a recuperação é um processo lento. Precisamos viver a cada dia e um dia de cada vez com paciência, tranquilidade e resignação”. Por oportuno, revelo aqui, minha cunhada é terapeuta. Da minha parte, eu me sentia fortalecida ao pensar em Deus no controle e seu tempo é perfeito; nada como um dia após o outro e Deus em todos eles; Deus está cuidando de tudo mesmo.
Ela, minha cunhada, foi incansável no repetir que contou com vários anjos maravilhosos e dedicados no Hospital em que foi hospitalizada. Salientou: “A equipe de saúde era tão presente que nos momentos de crise mais aguda segurava em minha mão, firme, forte, e, ainda, me dirigia palavras de conforto e coragem. Deus recompense cada técnico abundantemente por tamanha dedicação”. Agradecida volto a parabenizá-la, assim como toda àquela comprometida equipe. Para você, Margleide, meu depoimento: _Querida, você merece! Afinal de contas, você nunca falha quando alguém precisa de você. Gratidão, é pouco, todavia é a palavra mais completa.
Chegamos ao mês de fevereiro de 2021. Alívio! Vivos, maravilha. Vale comemorar. Vamos pular o carnaval. Literalmente. Não teremos Rei Momo este ano. Assim, eu, Oscar, meu filho e sua família resolvemos continuar nosso isolamento. Nos dirigimos a Viçosa, município do Ceará, para repouso. Merecido. Buscamos uma residência na Chapada da Mangabeira, no meio do mato. Só árvore, animais e natureza. Quanto calmaria, sossego.
As crianças vibram. Os pais, cheios de zelo resolveram ajudá-las a andar de bicicleta. Tudo é festa! As passadinhas tímidas, a exploração do ambiente até encontrar o melhor lugar. A ida ao mirante para ver o pôr-do-sol, a paisagem única da planície e do planalto que se alternam, assim como a delícia de clima.
Descobrir o sapo e sua ação na eliminação de insetos, também tema de debate, depois que uma das crianças se assustou deveras por se deparar com este inofensivo animal. Ouvir seu canto harmonioso, foi outra façanha. Quanta novidade para quem tem vida exclusivamente urbana. Pura benção. Só agradecer ao Criador a riqueza de oportunidade. Quão bom seria se toda a minha família estivesse reunida neste lugar. Lugar único, com todas as virtudes de uma área rural, inclusive os encantos da zona urbana, por exemplo, com internet disponível, água, luz elétrica. Estar aqui me fez recordar um outro belo poema escrito pelo Rafael Santos, meu neto, aos 9 anos, no dia 23 de abril de 2020. Vejam:
URBANO E RURAL
Na minha escola estudo tudo
Com muita naturalidade
Até o modo próprio de vida
Do campo e, também, da cidade.
Cachorro, gato fica solto
Quando vive na zona rural
Já nas grandes cidades
É preciso prender o animal.
Na zona urbana vejo as casas
Perto, juntas, aproximadas
Já no campo tenho visto
Elas são bem afastadas.
Falando em tecnologia
Na cidade é tudo facilitado
Já na zona rural, acredite
É muito, muito limitado.
Aqui novo capítulo desta história se anuncia. Refiro-me ao ato de vacinar, o qual é, antes de tudo, uma questão de responsabilidade e respeito ao povo em geral. É a arma mais forte para combater este inimigo comum. Mais valorosa e esperada. Proteção à pessoa e às pessoas.
Em tal período o debate / embate acerca da vacina pega fogo. Todos emitem opinião a este respeito. Um percentual extremamente mínimo de pessoas já teve o privilégio do acesso. A primeira pessoa a receber a vacina Coronavac no país, em São Paulo, foi uma enfermeira do Hospital Emílio Ribas, Mônica Calazans. A seguir, naquele estado espera-se vacinar em torno de 3.300 profissionais de saúde dentre os 30.000 que atuam no setor no Estado. Em nossa família, o primeiro foi meu filho, médico, trabalhando na linha de frente de enfrentamento ao Coronavírus, e, minha irmã, Roselane, bioquímica, em plena ação. Deus proteja todos nós. Que nos guarde, enquanto aguardamos a vacina.
Voltando ao tema da prevenção, há a corrente que não acredita em sua eficiência e eficácia. Grupo cheio de argumentos. Há um outro grupo, do qual faço parte, que anseia por ter acesso à mesma, extensivo a todos os meus. Com todos os problemas, para mim será uma redenção. Espero em Deus conseguir chegar a viver e a ver o mundo inteiro experimentando a emoção desta singela picada.
São aproximadamente 10 (dez) meses de pandemia. Não é demais ressaltar que buscamos vacina com eficiência e eficácia. Nosso louvor à ciência pelo tempo recorde de produção deste esperançoso recurso. Aproveito também para saudar as equipes de saúde. Como salientou Margleide, verdadeiros anjos, com asas bem guardadas debaixo de característica vestimenta, a bata, quase sempre branca.
Ainda em referência a Margleide vale salientar que ela, o marido, o irmão, venceram a pandemia. Maravilha! A felicidade é imensa, embora as sequelas do covid-19 sejam muito insistentes, inconvenientes: é tosse, mal estar, cansaço, para citar algumas. Em muitos casos se faz necessário tratamento psiquiátrico, para dormir melhor. Volto a minha cunhada em esforço hercúleo, primário, de acalentar seu sofrido coração, embora sabendo-se que o mesmo está destroçado, está partido. Seu amado pai, sogro de meu irmão, não teve forças para vencer o Covid-19. Assim, foi vencido. Sua cremação ocorreu no dia 23 de fevereiro deste ano (2021), no Rio de Janeiro. Minha cunhada não conseguiu se despedir fisicamente dele e nem abraçar os familiares. Deus o guarde!
Em plena pandemia, no período de novembro de 2020 a fevereiro de 2021, tive a feliz oportunidade de viver algo até então apenas sonhado, isto é, mediei três Saraus Poéticos, na condição de reunião remota sobre temas sustentáveis, compreendidos como reunião festiva noturna, de finalidade literária, para declamar poesia, ouvir música, valorizar poesia; esta última, entendida como composição em versos (livres, rimados), geralmente com associações harmoniosas de palavras, ritmos e imagens.
Nos três saraus recebi a honrosa missão de funcionar na qualidade de mediadora. Para tal, na abertura e no encerramento reforcei a importância do poetizar, recorrendo a um trecho de um poema de minha autoria intitulado Dom Divinal, confira:
DOM DIVINAL
Na abertura:
O Poeta é o artista escritor
Que usa sua prenhe criatividade
E transforma em versos únicos
Sua imaginação e sensibilidade.
Não é mero caso de opção pessoal
O ser poeta, convém logo alertar
É também determinação divinal
Um dá o dom, o outro deve regar.
No Encerramento:
Poeta é o artista escritor que registra
Para, no futuro, não ficar renegado
O que no presente tem todo sentido
Mas, amanhã, será apenas passado.
Vamos então nos render, alegrar
Nosso estilo não temer criticado
Agradecer o dom, mostrar produção
Escrever e divulgar, bem realizado.
A seguir, breve resumo de tais atividades, saber:
Outra singular força a que recorro em tal período consiste em meu grupo de oração. Sou membro do Shalom. Ali, com os demais congregados encontro força no Senhor, em seus ensinamentos, sua doutrina, para enfrentar toda a adversidade que assola o mundo. O carinho dos demais membros, o cuidado constante do pastor, são peças preciosas a fortalecer a caminhada, a renovar as forças tão enfraquecidas.
Ao lado da família, dos irmãos em Cristo, dos colegas de trabalho, dos amigos, também saliento aqui outra fundamental vertente para enfrentar este ano adverso. Trato da vida literária, a qual foi enriquecida pela convivência fraterna com admirados confrades e confreiras, tão nobres e capazes. Com ao quais só aprendi. Impossível nominá-los um a um, são tantos, mas necessário repetir que se constituíram pilares para minha caminhada na direção de atravessar este período tão difícil. Quanto orgulho de cada um, cada uma!
Com a grandiosa ajuda de cada um, em situação tão adversa, pude produzir e publicar o que segue:
Finalizo este registro destacando que, 12 (doze) meses após deflagrado este indesejado período, reafirmo com tranquilidade meu sentimento primeiro. Esta pandemia forja distanciamento social, porém reafirma laços de convivência. Para mim, reforçou a força das palavras, conforme relatei logo acima. Fragilizou famílias. Até ontem, dia 26 de fevereiro de 2021, conforme o site de notícias “Brasil 247”, o país registra a 2ª (segunda) maior média de mortes por Covid-19 em toda a pandemia, com 252.988 (duzentos e mortes confirmadas e 10.457.794 número de infectados. Já é muito saber que tantas pessoas perderam suas vidas. Tão difícil quanto é constatar que milhares de famílias permanecem enlutadas, com histórias interrompidas, sonhos inalcançáveis, vidas paralisadas por algo imperceptível a olho nu. Com este espírito, encerro meu lamento, recorrendo a um trecho de um poema de minha autoria:
PT - VACINAR SIM
No atual momento de pandemia
O PT para superar atroz agonia
Decidiu que, com força, buscaria
Vacina, para todos, e o povo venceria.
Aos companheiros, pelo empenho, o louvor
Pelo ato de bravura, pelo clamor
Pois a população para encarar o “terror”
Precisa de atitude e de muito vigor.
O Corona causa devastação
Vacina é esperança, redenção
Por isto vamos irmã, irmão
Buscar, juntos, a imunização.
O PT luta para o antídoto chegar
Com a serventia de estimular
Nosso sistema imunológico a atuar
E o nosso organismo blindar.
Vacinar, sim, com a necessária agilidade
No processo primar por qualidade
Assegurar atenção com dignidade
E para a vida das pessoas integridade.
Assim, chegamos em março de 2021, exatos 12 (doze) meses convivendo com um fantasma minúsculo, porém real. Ao lado dele um monstro tão cruel quanto covarde, isto é, o feminicídio, o qual vitimiza mulheres pelo simples fato de mulher ser. Pior, nesta época de pandemia este monstro se agiganta vitimizando mais e mais bravas guerreiras, calando para sempre sua voz, deixando filhos órfãos e famílias para sempre enlutadas. Recebi, honrosamente, convites para retratar um pouco desta atroz realidade. Aceitei, constrangida, alguns deles e, sinteticamente, registro, na seqüência, a minha visão sobre tal fato:
ELAS POR ELA
Por incrível que pareça
Em tempo de pandemia
O feminicídio se renova
Cresce, avoluma, amplia
Eliminar mulher sem dó
Puro ato de covardia.
Meninas, jovens, senhoras,
O certo é valorizar
Histórias, busca de autonomia
Contribuir para empoderar
Diz Zenaide, secretária de mulheres
Urge novos espaços conquistar.
De Zenaide, 08 de março, detalhe
É seu aniversariar, um presente
De Deus, para todas nós
Quando a fez insistente
Lutando por nossa causa
Incansável, persistente.
Vale lembrar que o PT
Nos estimula sempre a lutar
E a sociedade machista
Triste barreira ultrapassar
E homens e mulheres juntos
Um novo mundo inventar.
De prima, irmã e titia
Que bom lembranças guardar!
A mamãe e a saudosa vovó
Faz o pensamento voar
Que trazê-las no coração
Ajude à mulher respeitar.
E de suas filhas e netas
_ Se cada homem lembrar
Que as terá ou já as tem,
Talvez possa atitude mudar
E vê-las como obra-prima de Deus
Contribua para vidas preservar.
Juntemo-nos em forte frente
Usemos a inspiração
Para vencer obstáculos
Ultrapassar decepção
De ver tirarem a vida
De mulheres, sem perdão.
Legítima defesa da honra
Vã justificativa para matar
Nos unamos para combatê-la
Demonstremos nosso indignar
Que nossa voz, nossa força
Nada e ninguém consiga calar.
Assim, neste 08 de março
Toda força e séria euforia
Que esta luta seja, deveras,
Sinônimo de galhardia
E o Elas por Elas, com firmeza
Espaço de superação e alegria.
(Teresina, 10.03.2021)
À luta pela valorosa e valiosa vida. E vida com vacina para todos e todas. Já! Esta é, por enquanto, a nossa mais importante missão.
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