Um dia, agente de comunidade decidi ser
Descobri então a vocação para o meu viver
Diálogo com minha mãe travo num entardecer
Para a devida permissão conseguir ter.
Mãe, Assistente Social quero ser, revelei
Ana Neri, afirmou ela, é o que te reservei
Como era impossível questionar me calei
Mas, confesso, triste fiquei e demonstrei.
Filha, o que é isso, pensativa indagou
São duas que não sabem, mas por favor
Me deixa fazer o curso e responder-te eu vou
Moça pobre tem que ser professora, profetizou.
Percebendo que ela se sensibilizou, emendei
Pela manhã, faço pedagógico, professora serei
À noite, o científico, e com ele seguirei
Em busca de meu ideal, balbuciei.
Ela acenou que sim, autorização conquistei
A partir daí, a estes cursos me dediquei
Pouco depois, o vestibular tentei e passei
E para São Luís, por conseguinte, me mudei.
Em setenta e cinco, meu intento realizei
Com alegria, em Serviço Social me formei
Junto com este outro Diploma lhe apresentei
Chamei-o Pierre, primeiro rebento, rebentei.
Relembro feliz do copo de alumínio
Que minha mãe me deu bem novinho
E transmitindo seu enorme carinho
Adiantou ser somente meu, todinho.
Agradeço à tia que a São Luís me levou
À minha família, o carinho que lhe dispensou
Louvo a Deus com ternura e fervor
Por meu tesouro, meu filho, meu amor.
Sou grata à vó Santa e Hugo, padrinho-avô
Pela dedicação com que cada um abençoou
Ao meu filhote desde que ele entre nós chegou
E o carinho com que o chamavam de doutor.
Tempos depois discretamente ele revelaria
Estou namorando, quero apresentar a guria
Depois veio Pedro, Mateus e, ainda, Maria
Preenchendo nossa vida, como Deus queria.
Hoje, após quatro décadas na Disney estou
Longe, muito longe do meu preto, que horror
Mas só fisicamente porque o amor
Não conhece distância que diminua seu furor.
Isto posto, felicidades venho lhe desejar
E enternecida também lhe declarar
Que no próximo janeiro ao seu lado quero estar
E seu aniversário, do Pedro e Maria comemorar.
Orlando – FL, jan. 2015